Vistos gold: investimento a descolar
Fim das ARI em Lisboa e Porto está perto e pode provocar corrida ao imobiliário até ao fim do ano. Restrições em vigor em 2022.
O investimento captado através dos vistos gold recuou 38% em agosto, em termos homólogos, para 35,3 milhões de euros, mas subiu quase 60% face ao mês anterior, segundo contas feitas pela Lusa com base nos dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em agosto, o investimento resultante do programa de Autorização de Residência para Investimento (ARI) somou 35.333.660,06 euros, menos 38,7% face a igual mês de 2020 (57,6 milhões de euros). Face a julho (22,1 milhões de euros), o investimento cresceu 59,7%.
De acordo com os dados estatísticos do SEF, em agosto foram concedidos 64 ARI, dos quais 56 por via da aquisição de bens imóveis (16 para reabilitação urbana) e oito através do critério de transferência de capitais. A compra de bens imóveis totalizou em agosto um investimento de 30,4 milhões de euros, dos quais 5,9 milhões de euros para reabilitação urbana, enquanto a transferência de capitais somou mais de 4,8 milhões de euros.
Por países, foram concedidos 19 vistos “dourados” à China, nove aos EUA, cinco à Rússia, três ao Canadá e outros três ao Brasil. Nos primeiros oito meses do ano foram atribuídos 550 vistos gold.
Neste período, o investimento captado por via deste instrumento totalizou 295,1 milhões de euros, um recuo de cerca de 40% face aos mais de 496 milhões de euros registados nos primeiros oito meses de 2020. O programa de concessão de ARI, lançado em outubro de 2012, registou até julho último — em termos acumulados — um investimento de 5.934.165.237,77 euros.
Fim dos vistos gold pode provocar corrida a imóveis em Lisboa e Porto
O Governo aprovou no final do ano passado o diploma que altera o programa de Autorizações de Residência para Atividade de Investimento (ARI), determinando o fim da atribuição dos chamados vistos gold nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. As restrições só se vão aplicar a partir de 1 de janeiro de 2022, e a verdade é que o fim do regime poderá provocar uma corrida ao imobiliário até ao final do ano.
"Atualmente verificamos um crescimento acentuado de clientes para Golden Visa em Lisboa e no Porto devido ao facto de o programa, no modelo atual, ter uma data definida para o seu término", confirma Ricardo Garcia, diretor de residencial da Savills Portugal, citado pelo Dinheiro Vivo.
Uma opinião partilhada pela CEO da REMAX. “Durante este ano verificou-se uma procura mais acentuada na Área Metropolitana de Lisboa, principalmente nas zonas de reabilitação urbana com um investimento menor, na ordem dos 350 mil euros”, refere Beatriz Rubio à mesma publicação.
De acordo com a responsável, "durante este último quadrimestre haverá uma enorme procura de apartamentos nas regiões que em 2022 deixam de estar no programa de Golden Visa (Áreas Metropolitana de Lisboa, Porto e Algarve), seja no investimento dos 500 mil euros ou dos 350 mil euros, em que os processos possam ser entregues até 31 de dezembro de 2021 no SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras)".